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A solução para o problema da fome

Muitos cientistas afirmam que o consumo de carne animal tem tristes repercussões sociais, dentro das quais a questão da fome no planeta. Esclarecem eles que se a população mundial fosse vegetariana, seria evitada a reprodução forçada de centenas de milhões de animais, que são engordados com o alimento que pessoas famintas deveriam estar comendo. Também seria evitada a morte dos mesmos, que só acontece para agradar ao paladar dos carnivoros, responsáveis por esse estado de coisas. É realmente alarmante que 80 a 90% de todo cereal nobre produzido no mundo, em especial o milho e a soja, sejam utilizados para alimentar gado de corte, e que as extensas áreas ocupadas por esse gado no Brasil diminuam quatorze vezes a sua área de plantio. Além disso, um hectare de terra utilizado para criação de gado fornece apenas 200 kg de proteína, ao passo que essa mesma área usada para plantação de soja, produz mil por cento a mais desse mesmo nutriente, ou seja 2000 kg! Isso significa que, enquanto um número imenso de pessoas no mundo inteiro está morrendo de fome, os carnívoros estão desperdiçando vasta quantidade de terras, água e cereais para produzir a carne que consomem.

Tais dados foram deduzidos a partir de um acontecimento que teve lugar na Dinamarca durante a primeira guerra mundial. Os dinamarqueses, bloqueados, ficaram sem possibilidade de realizar qualquer tipo de importação e, diante disso o governo desse país, já prevendo a falta de comida, encarregou o Dr. Mikkel Hindhede de desenvolver e coordenar um programa de racionamento de alimento. Ele recomendou suspender a comercialização de carne e utilizar toda a produção de cultura de grãos, antes destinados à alimentação de gado, na alimentação da população. Foi uma significativa experiência de vegetarianismo envolvendo mais de três milhões de pessoas que, além de comprovar que o problema da fome no mundo está relacionado com o consumo de carne, deixou registrada a menor incidência de mortes por doença de todas a história do país: 34% a menos que a média dos dezoito anos anteriores, fato que torna dificil não fazer também uma relação entre a dieta vegetariana e a diminuição na taxa de mortalidade.

A desmistificação da importância das proteínas

A questão do consumo de carnes não é apenas um problema de consciência, mas como se pôde constatar, tem implicações diretas na nossa saúde. No entanto, durante toda a primeira metade dessse século acreditou-se que as proteínas prvindas da carne fossem nutricionalmente superiores às
encontradas nos vegetais. Tal opinião foi decerrente de experimentos feitos em laboratórios, em 1914, por Osborn e Mendel, que demonstraram que ratos engordavam mais rapidamente com a proteína animal do que com a vegetal. A industria da carne aproveitou-se desses estudos para proclamar aos quatro vento que a proteína animal era imprescindível ao organismo humano, e que sua falta causaria problemas graves a saúde.

A primeira suspeita da comunidade científica de que tal assertiva era falsa surgiu após a mencionada experiência da Dinamarca com o vegetarianismo, já que nessa ocasião o índice de doenças havia diminuido consideravelmente. Numa outra guerra, a da Coréia, nos anos 60, foi possível constatar a diferença entre o regime carnívoro e o vegetariano através da autópsia comparativa das artérias dos soldados coreanos e norte-americanos. O resultado revelou que mais de 77% dos jovens soldados norte-americanos já estavam com seus vasos sanguíneos quase totalmente entupidos pela arteriosclerose, enquanto que os coreanos da mesma idade não apresentavam sinais da mesma doença. Sabe-se que a dieta ds primeiros era baseada em carne, ovos e leite, e que a de seus adversários era vegetariana. A hipótese de que tal diferença pudesse ter origem no fator genético foi descartada a partir da constatação de que os coreanos, quando submetidos à dieta norte-americana, apresentavam um rápido aumento de colesterol no sangue. A partir de tais experiências, os pesquisadores começaram a desconfiar dos "grandes benefícios da proteína" e intensificaram as pesquisas a respeito do assunto.

Segundo Robbins, a propaganda sobre a carne, o leite e os ovos invadiu os Estados Unidos de tal forma que impregnou até o espaço escolar. Ele relata que, quando criança, ouvia a professora "doutrinar"os alunos a ingerirem proteínas através de produtos de origem animal, e para isso ela usava cartazes, folhetos, livros e folders. Mais tarde ele viria a descobrir que todo aquele material "didático" era fruto de uma campanha milionária promovida pela industia da carne, ovos e leite, com a cumplicidade do governo, para induzir as crianças a consumirem os produtos de origem animal. Assim as sociedades ocidentais foram programadas para considerar a ingestão de quantidades elevadas de proteínas como indispensável para um bom desenvolvimento do corpo. Pessoas com atividade física intensa eram instruídas a consumir carne para manter a boa forma e a disposição. No entanto, os resultados de pesquisas atuais na área da nutrição indicam que isso é um engano. Segundo especialistas no assunto, a quantidade adequada de proteínas para a manutenção da saúde corresponde a uma porcentagem das necessidades calóricas diárias que variam entre 2,5 e 8%. No leite materno, que é perfeitamente preparado pela própria natureza para alimentar o bebê, na etapa em que o ser humano apresenta a maior taxa de crescimento durante todo o seu processo de desenvolvimento físico, a porcentagem de calorias provenientes de proteínas é 5%.

Segundo Robbins, "nós nos tornamos obcecados por proteína e estamos pagando um preço incalculável por isso. Usamos uma grande quantidade de grãos para alimentar um estoque vivo de bichos reproduzidos artificialmente, e deixamos de usá-los para matar a fome do mundo. Causamos um grande sofrimento desnecessário aos animais. E finalmente, ainda comprometemos a nossa saúde".

É chegada a hora de os homens reverem rituais e procedimentos sanguinários realizados de forma repetitiva e automática durante séculos e se perguntarem, em primeiro lugar, se os mesmos são realmente necessários. Se a resposta for negativa, não há razão para mantê-los. Se for positiva alegando-se "o prazer da ingestão da carne", convém que se formule uma segunda pergunta: E vale a pena consumi-la? Vale a pena realizar esse morticínio diário que tanto mal faz à saúde física, mental e espiritual do ser humano? Se a resposta for negativa, será necessária uma boa dose de coragem da parte de todos os envolvidos, produtores e consumidores para trasformar essa história de terror numa história de amor pelos animais. Felizmente nos é possível sonhar com um mundo de homens mais evoluidos, caracterizado pela lucidez e harmonia com os reinos da natureza, em que os rituais de morte de animais tenham sido dispensados e as industrias da carne trasformadas em companhia de alimentos provindo da terra. Nossos descendentes olhando para trás, certamente lamentarão um passado tão vergonhoso, mas desfrutarão do alívio de terem sido poupados de viver e sofrer os terríveis efeitos da então passada era de ingestão de cadáveres


Recebido de Roberto Simão através da lista da Permacultura - 14/junho/2001
http://groups.yahoo.com/group/permacultura-br

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